A pirâmide etária do Brasil está se modificando a cada dia. Motivo? O aumento da população idosa. Segundo o IBGE, o número de brasileiros com mais de 60 anos já ultrapassou 28 milhões, porém, isso sugere a necessidade de maior atenção à saúde mental, já que a depressão em idosos também está aumentando.
Nesse contexto, dr. Marcel Vella Nunes, psiquiatra e psicogeriatra e a dra. Luciana Mancini Bari, médica do Hospital Santa Mônica, irá apresentar valiosas informações sobre esse tipo de depressão. Saiba como tratar o transtorno e quais são os principais cuidados para diminuir seus impactos na qualidade de vida da terceira idade. Confira, também, onde encontrar ajuda profissional para o enfrentamento desse problema.
Quais são os principais sintomas da depressão em idosos?
O envelhecimento é uma fase do ciclo da vida que, provavelmente, todos passarão por ele um dia. Em razão disso, as pessoas que já alcançaram a melhor idade precisam de mais atenção e cuidado, sobretudo quanto aos aspectos relacionados à saúde mental do idoso.
Nos últimos anos, os avanços tecnológicos, da ciência e da medicina, aliados à preocupação por uma alimentação saudável e exercícios físicos, contribuíram muito para o aumento da longevidade. Com isso, os serviços públicos de saúde e as instituições privadas precisam oferecer mais assistência para esse grupo.
Geralmente, uma das queixas comuns entre as pessoas da terceira idade está relacionada à crise depressiva. Vale destacar, entretanto, que nessa etapa da vida, as características da personalidade se intensificam: adultos gentis, calmos e educados tendem a ficar ainda mais fáceis de lidar.
Mas aqueles que já apresentavam comportamento hostil se tornarão idosos mal-humorados e de difícil convivência. Tais fatores não podem ser ignorados, pois são diferenciais que influenciam na manifestação da depressão em idosos.
Contudo, tais problemas não são apenas “coisas da idade”, mas indícios de transtornos que exigem ajuda profissional. Mediante isso, listamos outros sinais característicos desse tipo de depressão. Confira:
- alterações rápidas de humor;
- tristeza profunda;
- choro sem motivo aparente;
- queixas de dores pelo corpo ou de cabeça;
- desânimo e cansaço generalizado;
- insônia.
Quais cuidados devem ser aplicados em idosos?
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, a depressão já era um distúrbio mental bem frequente entre a população de idosos. Contudo, com os impactos causados por esse cenário de crise na saúde global, embora os números não tenham aumentado significativamente com a pandemia, definitivamente esse foi um fator desencadeador importante de casos novos ou de agravamentos de casos já existentes.
Por conta disso, esse momento contribui para quadros de negatividades, o que se torna uma das razões para melhorar o apoio emocional a esse grupo. Além das características da idade, como o impacto da solidão, questões ligadas ao medo da contaminação pelo coronavírus e alterações na rotina sobrecarregam o emocional.
Outro ponto é a diminuição do contato físico e social com amigos e familiares. Se antes essa questão já era difícil de ser administrada pelo idoso, com a pandemia e a necessidade de isolamento social a tendência é a piora do estado emocional. Logo, é necessário cultivar a paciência e adotar estratégias que minimizem tais problemas.
A adaptação a esta nova realidade não é fácil, independentemente da idade. Por isso, como os idosos já integram o grupo de risco para a Covid-19, é necessário adotar posturas diferenciadas nesse sentido. O ideal é evitar que esse momento difícil provoque ainda mais impactos na saúde mental deles.
Existem, portanto, boas alternativas para lidar melhor com a situação, mas nada substitui a ajuda profissional. Diante disso, para conter os efeitos da depressão em idosos, o mais indicado é o suporte especializado em saúde mental com psicólogos e psiquiatras.
A depressão pode surgir relacionada a outras doenças?
De certa forma, sim. Em vias gerais, essa doença está associada às dificuldades resultantes das mudanças do envelhecimento. Além da perda da autonomia, problemas ligados às funções cognitivas e quadros demenciais devem ser considerados. Também é preciso considerar as limitações geradas pelas doenças físicas ou incapacitantes.
A depressão em idosos costuma se desenvolver em pacientes cujo histórico já apresentou quadros depressivos anteriores. Quando não são tratados corretamente, os desequilíbrios emocionais tendem a piorar outras doenças, sobretudo aquelas consideradas crônicas, como o diabetes e a pressão alta.
De modo geral, os sintomas depressivos mais observados nessa população estão relacionados à falta de apetite, distúrbios do sono e dores pelo corpo. Desse modo, quem lida com esse grupo percebe que a depressão em idosos surge por uma multiplicidade de causas, baseadas em questões fisiológicas, psicológicas e sociais.
Quais são os tipos de tratamento para depressão em idosos?
Mesmo que os sintomas da depressão desafiem os profissionais de saúde, existem diferentes alternativas de controle dessa doença. A boa notícia é que as respostas das terapias costumam trazer resultados satisfatórios, desde que se escolha bons profissionais.
Nesse sentido, alguns métodos terapêuticos são indicados para contornar a depressão nesse grupo. Veja quais são a seguir.
Medicamentos para a depressão
Os médicos costumam utilizar tratamentos com base em medicamentos específicos e individualizados para cada caso. O objetivo desses remédios é estimular a liberação de substâncias cerebrais que controlam os sentimentos, o humor e o bem-estar geral.
Acompanhamento psicológico
Outra medida importante é o acompanhamento psicológico, cujo suporte ajuda a compreender a origem do problema e, a partir disso, buscar soluções. Por meio de um diálogo aberto, intermediado ou não por um familiar, os profissionais da psicologia podem ajudar bastante na recuperação desses pacientes.
Suporte psiquiátrico
A ajuda psiquiátrica também é fundamental, já que essa modalidade de tratamento é usada como parte fundamental no arsenal terapêutico. Geralmente, os resultados são melhores quando se combina medicamentos e apoio psicológico e psiquiátrico.
Em quais casos é necessária a internação?
O tipo de assistência profissional para o paciente depressivo depende da gravidade do quadro. Em algumas situações, somente o tratamento ambulatorial pode não ser eficaz. Nesses casos, o ideal é optar pela internação hospitalar, em especial quando há riscos à integridade, como na ideação suicida.
Fonte: https://hospitalsantamonica.com.br/
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