Cuidadores de pacientes com condição física ou psíquica fragilizada necessitam de maior apoio, já que sua tarefa é bem mais árdua
Sabemos que no Brasil mais de 15 milhões de pessoas precisam de cuidados contínuos ou de longa duração, que são feitos por parentes (geralmente filhas) ou por profissionais com treinamento na atenção ao idoso.
O ato de cuidar demanda compaixão, empatia e pode se estender a um fenômeno existencial, onde a relação interpessoal entre o cuidador e a pessoa que é cuidada representa um movimento para aliviar, confortar e ajudar as pessoas que necessitam de cuidados.
Exige-se do cuidador responsabilidade, solidariedade e capacidade de oferecer apoio e ter muita paciência com as dificuldades inerentes a esta atividade.
Os idosos muitas vezes apresentam doenças crônicas e degenerativas, extremamente debilitantes e que trazem muita fragilidade ao portador, exigindo do cuidador muita habilidade e força, tanto psíquica quanto emocional, para que esta atividade tão importante seja exercida com esmero.
O envelhecimento é acompanhado de várias perdas e limitações. Porém, quando bem gerenciadas, permitem à pessoa idosa uma vida repleta de dignidade, autonomia, respeito e, principalmente, a manutenção da autoestima, fundamental para a qualidade de vida do idoso.
Ao cuidador cabe a tarefa de auxiliar aquele que, por vários motivos incapacitantes, necessita de cuidados e ajuda para se manter. O cuidador torna-se necessário quando as necessidades de cuidados são superiores à capacidade das pessoas de se autocuidarem.
Em 2007 o Ministério da Saúde definiu o cuidador como “uma pessoa que cuida de pessoas idosas com dependências, desenvolvendo ações que promovam a melhoria da sua qualidade de vida em relação a si, à família e à sociedade….”.
Até pouco tempo atrás a figura do cuidador do idoso resumia-se a familiares que assumiam o cuidado do geronte, sendo uma filha a presença mais frequente, inclusive nos dias atuais. Mas esta figura tão importante no cuidado do idoso vem decrescendo nos últimos tempos, devido às modificações nas estruturas sociais e familiares, com aumento exponencial dos cuidadores profissionais.
É comum que, quando um familiar assume o cuidado do idoso, possam ocorrer vários conflitos internos na família, principalmente devido às diferentes opiniões de outros membros, além do próprio conflito do cuidador, já que o mesmo passa a questionar as dificuldades do cuidado, a interrupção de sua vida familiar, muitas vezes negligenciando-os, e a convivência diária com doenças e limitações. Trata-se de tarefa árdua e muito desgastante.
Vários sãos os trabalhos que evidenciam o grau elevado de estresse e depressão a que estas pessoas estão expostas. Estes atores do cuidado apresentam alterações tanto físicas (dores no corpo, principalmente na coluna, alterações dos movimentos intestinais, elevação de níveis pressóricos e glicêmicos), quanto emocionais (ansiedade, depressão, baixa de autoestima, sentimentos de culpa, ressentimento, irritabilidade e Síndrome do Esgotamento – Burnout) e os profissionais de saúde que cuidam do idoso devem sempre ficar atentos às manifestações psíquicas dos cuidadores. Não podemos deixar de citar que muitas vezes o cuidador principal também é um idoso (cônjuge, por exemplo) e que este cuidador muitas vezes está é precisando de cuidados .
Cuidadores de pacientes com condição física ou psíquica fragilizada necessitam de maior apoio, já que sua tarefa é bem mais árdua. Pacientes que necessitam de cuidados para atividades básicas da vida diária, como locomover-se, banhar-se, higienizar-se ou alimentar-se geralmente trazem uma carga de trabalho muito grande ao cuidador.
Caso o cuidador evidencie queixas espontâneas ou manifestações de cansaço, deve-se providenciar condições de que ele tenha descanso e consiga manter sua atividade de cuidar sem adoecer.
Existem várias escalas que podem mensurar o grau de esgotamento apresentado pelo cuidador. Quando identificado, este cuidador deve ser ouvido, acolhido, aliviado em suas angústias e cansaço com objetivo de uma melhor qualidade de cuidados ao idoso e redução da sobrecarga e prejuízo na higidez do cuidador.
Várias são as intervenções que podem minimizar o desgaste do cuidador, como orientações psicoeducacionais, grupos de apoio e aconselhamento, envolvendo vários membros da família no cuidado, de modo que se beneficiarão o cuidador e o receptor do cuidado, já que a interação familiar será muito reforçada.
Portanto, muita atenção deve ser dada ao idoso frágil, porém com olhar claro de que, ao lado desse geronte que necessita de tanto apoio, existe um cuidador que também se cansa, sofre, se afeiçoa, chora e se desespera. Cabe a cada um de nós reconhecer quando o cuidador está necessitando de cuidados e estabelecer condições de que ele tenha a condição de exercer suas tarefas de forma mais efetiva e menos penosa possível.
Fonte: https://www.em.com.br/
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